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Cordel da Vida

Por não tá fazendo nada,

eu me lembreis de vocês,

fiquei pensando na idade,

vivida um dia por vez,

veio-me a grande lembrança,

com alegria e festança,

completo quarenta e seis.

Em 05 de fevereiro,

do ano de sessenta e oito,

no interior do maranhão,

nascia um menino afoito,

magro, mirrado, mas bonito,

que poderia ser sem perigo

galã da novela das oito.

Mato alto, vida dura,

pobreza doença e fome,

mas também tinha amor,

coisa que o tempo não come.

Cuidado, carinho e fé,

estudo e bicho de pé,

saudade que me consome.

Recebeu o nome do pai,

Francisco foi batizado.

Lembrança de um Santo bom,

que nome abençoado!

assim cresceu aprendendo

a amar e sendo amado.

Com quatro anos de idade

já lia o ABC,

depois veio a cartilha

onde gostou de aprender,

lia e soletrava as palavras,

que aos adultos encantava,

e dava gosto de ver.

Ainda era menino,

brincando no matagal,

um espinho no joelho

tornou-se um grande mal,

Sem muitos recursos médicos

e com dificuldade tal,

vendo a perna mirrando,

mas a fé não vacilando,

buscou em São Francisco

a cura sobrenatural.

Francisco de Assis,

por intercessão a Jesus,

foi socorro em tempo pronto,

foi escuridão na luz,

curas, pomadas e unguentos,

sem medos e nem mais tormentos

rezava-se em outubro

louvores e terço de luz.

Seus pais pobres, mas destemidos,

amorosos e lutadores,

não deixavam que doença

do pai que trazia dores,

tirassem os filhos da escola,

o sonho era formar doutores.

Sua mãe muito amorosa,

fazia muita questão,

que mesmo trabalhando por necessidade,

ele não perdesse a lição,

era o mais belo e inteligente,

aos olhos de mãe/corujão.

De fé sempre foi o menino,

era um outro Francisco.

Foi catequista eloquente,

como nunca antes visto.

Chegou a querer ser padre,

e era muito bem quisto,

mas saindo da infância,

buscou a fé e a esperança

em outro caminho de Cristo.

Foi para a Assembleia de Deus,

lá se tornou preletor.

Andou muitos caminhos,

foi pregador e cantor,

sempre com uma unção profícua

chegaria a ser pastor,

e hoje é Pai de Santo,

sempre com fé e amor.

Esta história de fé,

eu lhes contarei depois.

Pois a vida não é só fé,

tem o antes e o depois,

para chegar até aqui,

o menino mirradinho

comeu muito feijão com arroz.

Sempre magro e muito frágil,

pescava e caçava ao léu.

Era por necessidade,

não por lazer ou ser cruel,

era bom filho e amigo,

na vida sempre um prodígio,

desempenhava seu papel.

Era um pouco diferente,

e nem sabia o porque.

Jogava bola, brigava,

mas algo era de ser ver,

um pouco mais delicado,

sempre um filho dedicado,

não dava para descrever.

Sofria entre os amigos,

o pai nem mesmo sabia.

Pois por medo e insegurança,

ele jamais contaria,

Não se falava em bulliyng,

mas por sua diferença

sofria sim, covardia.

Muito trabalhador,

nisto ninguém o contesta.

Fosse na roça ou serrarias,

também gostava de festa.

Era um bom dançador,

também ninguém o protesta.

Depois parou de dançar,

afinal era pecado.

Na Assembléia de Deus,

Deus era muito malvado,

Tudo era “coisa do mundo”,

o fardo era muito pesado,

então um adolescente

foi do lazer apartado.

Adeus tertúlias e festas,

de beber nunca gostou.

Adeus vesperais alegres,

de tudo se separou,

tinha que agradar a Deus,

com força fé e temor.

Mesmo feliz com sua fé,

conflitos internos mil.

Sua sexualidade

naturalmente descobriu,

se sabia diferente,

mas sem encarar de frente,

o medo o obstruiu.

Seguia com sua jornada,

se destacando entre os pares.

Vendeu “din din” na rua,

queria outros lugares.

Sabia que podia chegar

a mais altos patamares.

Foi estagiário bancário,

garçom e escriturário,

com muita luta e fé

foi trabalhador agrário,

e dividia com a família

o seu salário precário.

Sendo o mais velho dos filhos,

mais velho de seis irmãos:

Francinildo e Francinaldo,

Luís, Leudo e Conceição,

mesmo com dificuldades

amor e cumplicidade,

e cuidado não faltou não.

Como era o mais velho

e tendo uma renda mensal,

ficava limitado

por um fosso abissal,

não podia alçar voos

para o sonho colossal.

Sonhava com outros mundos,

conhecer outras paragens.

Faria uma faculdade,

mas parecia bobagem,

sonhar com oportunidades

longe da realidade.

Francinildo irmão mais novo

para Brasília se alçou.

Como mantinha a família,

em Zé Doca ele ficou,

aguardando o momento

de encontrar o irmão amado,

pacientemente esperou.

Ficou noivo na igreja,

tinha que logo casar.

Pois para ser obreiro “crente”

não podia se abrasar,

mas o noivado maranhense não vingou,

sem trabalho ele ficou

e tinha que se virar.

1989, na capital federal,

encontrou o irmão querido

recomeçando afinal,

a reconstruir os sonhos

num mundo descomunal.

Chegou só com uma mochila,

e para que lado seguir?

Onde morar, o que comer,

como fazer pra vestir?

Uma refeição por dia

e um trabalho de agonia,

foi o que veio a conseguir.

Ainda assim prosperou,

com os irmãos em Brasília se reuniu.

A base era Francinildo,

irmão como nunca se viu,

mas num acidente de carro,

o seu amado irmão, em 1993 partiu.

A vida recomeçava,

tinha que amparar os pais.

Os irmãos e a família,

sentiam doer demais,

e sozinho em Brasília,

resistiu uma vez mais.

Como fervoroso em fé,

teologia cursou.

Líder de Mocidade

e Evangelista se tornou,

era muito respeitado

como líder e pregador,

e assim se preparava enquanto

se vislumbrava um futuro promissor.

Mas o sagrado não cabe

num livro nem numa ideia.

Não cabe na palma da mão,

nem em afirmação ateia,

trazendo o entendimento,

e como folha ao vento

nos leva sem resistência

para a bendita odisseia.

Na igreja cristã se casou,

teve uma filha, Sophia.

É o seu raio de sol,

símbolo de sabedoria,

enfrentou o seu destino,

é um pai amoroso

Sophia é sua alegria.

Não foi marido mau ou infiel,

isso não, nem pensar!

Tinha uma esposa amorosa,

linda de se admirar,

mas algo lhe faltava

e não sabia mensurar.

Ainda era muito jovem,

e sem muita experiência.

Tentou e se esforçou,

e nem tinha desavença,

mas a natureza é forte,

cada luta com seu porte,

a ela não há quem vença.

E enquanto caminhava

com a família que formava,

era tudo que queria,

ser feliz ele sonhava,

e sem gerar sofrimento

um caminho procurava.

Depois de muito sofrer

no Distrito Federal,

fome, e falta de lazer,

alguns momentos bem mal,

ele agora estava bem,

e era um professor formal.

Tinha uma família,

certo estava da fé,

mas Deus escreve os caminhos,

e cada um anda à pé,

Vento é a vontade divina,

sempre sopra onde quer.

O dilema interior,

mesmo sem o seu querer,

novamente despertava,

não sabia mais o que fazer,

jejuar não adiantava,

a oração não vigorava,

a culpa assolava o ser.

Era feliz casado,

pai de família exemplar,

mas a sexualidade

ainda era um buscar,

pois sabia-se diferente,

não tendo mais para onde olhar,

a atração por outro homem

veio o desestabilizar.

Sabia que era isso

o espinho a lhe torturar.

Esse era o motivo,

o medo de se encontrar.

E mesmo sem que notassem,

havia muito penar,

sua sexualidade

viu com um irmão de fé brotar.

Não sabendo o que fazer,

como um líder que era,

entrou em profunda busca,

em depressão e espera,

que algo maior viesse

lhe acalmar a dor da alma,

forte como a besta fera.

Uma presença sagrada,

que nem mesmo conhecia,

um dia se apossou,

e fez uma assepsia.

Sem revelar o nome,

e mesmo tendo estranhado,

aquele ser de luz

que tinha se revelado,

lhe ensinou uma lição

e o negativo foi quebrado,

e Deus que era temido,

passou só a ser amado.

Muito tempo depois,

tendo o tempo como espelho,

ares de libertação,

mente aberta e um conselho,

de que Deus é todo amor,

da criação É autor,

reconheceu a presença

como sendo um Preto Velho.

Mas no primeiro momento,

a desavença era muita.

Conciliar o pensamento livre,

iluminado na luta,

com uma teologia dogma,

era uma grande labuta.

Quase mesmo não formou

no seu curso teológico,

pois o pensamento livre,

embora fosse mais lógico,

não parecia encaixar no olhar limitador

de um cânone ainda pernóstico.

E com muita discussão,

longas defesas e teses,

concluiu com louvor

as sagradas anamneses,

e teólogo se formou,

defendendo a exegese.

Ai partiu para a busca,

meio hippie era o viver.

Cabelo grande e roupa solta,

“bicho grilo” de se ver,

começou a odisseia

em busca de conhecer,

aquilo que o sagrado

queria lhe conceder.

O Kardecismo o acolheu,

com o seu olhar cristão,

ensinando que a vida

não começa nem acaba aqui não,

um ano de desenvolvimento,

amenizando sofrimento

entendendo a reencarnação.

Mas ainda ali,

alguma coisa faltava.

Tinha o entendimento

e a caridade abraçava,

atendendo como médium

na mesa que lhe amparava,

muitos espíritos de luz ensinava e cuidava

de quem por necessidade

naquela porta chegava.

Mas um dia, “ por acaso”,

depois de divorciar,

um novo amor conheceu.

Era tudo muito novo,

tudo que se sucedeu,

tanto o amor de um homem,

como o que aconteceu,

na vida espiritual

novo lume se acendeu.

Conheceu a Umbanda,

e depois o Candomblé.

Como que pode ser Deus,

que dança e colorido é?

Saia se perguntando,

no seu dilema de fé.

Tinha sido ensinado

em toda a vida cristã,

que o que vinha da África

não poderia ser sã,

e agora estava ali,

a Deus dançar a assistir,

seria Deus ou Satã?

Mas o dilema voltara,

não poderia explicar.

Como existir satã,

o mal a personificar,

se todas as coisas criadas,

no céu na terra ou no mar,

todas resultariam de um Principio único salutar?

De onde teria vindo

o mal que tanto temia?

Como Deus sendo perfeito,

afrontado seria?

Seria então um outro Deus?

mas isso não admitia,

pois a sua mente ensinava

que só um criador existia.

Se era só um criador,

o Princípio meio e fim,

e se era todo amor,

pois O concebia assim,

como é que poderia,

da sua própria energia,

emergir algo ruim?

O Kardecismo então,

serviu para amenizar,

este primeiro impacto,

e muita coisa explicar,

que Deus, o Princípio amado,

pode se manifestar,

de maneira bem diversa

que a religião vem pregar.

A religião é humana,

divino é o criador.

É o Princípio que se move

e tudo criou com amor

Deus, Céus e Terra,

e tudo nela forjou,

não poderia haver mal

como princípio senhor,

entendi que esta parte

foi o humano que engendrou.

Era algo de poder.

Ideia de dominador.

Como é que poderia,

sendo um Deus todo amor?

Mas como o humano iria

fazer com que a massa liberta

lhe olhasse com clamor?

E entender que da África

só viesse coisa ruim,

era ideia de preconceito,

não poderia ser assim.

Os africanos eram frutos

do mesmo Princípio e Fim,

portanto, era mais crível,

que Deus diversamente sim,

tivesse se revelado,

como autêntico e verdadeiro

para aqueles povos enfim!

Com um outro olhar e moral,

com conceitos afro-ancestrais,

com o olhar de vida eterna

que traziam dos seus pais,

que todos que se passaram,

nunca morreram, jamais!

A vida era eterna,

o ancestral era vivo,

assim como na Mesopotâmia,

ou noutro povo antigo,

os africanos trazidos

também criam num Deus ativo,

manifesto diversamente,

no cantar e dançar oblativo.

Então os deuses africanos,

Nkisi, Vodum ou Orixá,

eram manifestações

do Princípio a criar:

vento fogo, terra e água,

folha, semente a brotar,

tudo que tem movimento,

e que tem vida a vibrar,

é manifestação divina,

até no filho a bailar.

Cada SER tem uma história,

cada humano um destino.

A natureza divina

é quem move o nosso tino,

e assim o Candomblé,

sendo a religião afro que é,

é a pureza do divino.

A busca foi incessante,

enquanto se encantava,

pela ida do sagrado,

que a ele se revelava,

enquanto divinizava o humano,

o divino se humanizava.

Deus poderia ser,

na sua manifestação,

como um grande guerreiro,

um relâmpago ou um trovão,

um caçador afamado

que ensina o filho amado

a cuidar do seu torrão.

Nzambi, Olorum, Mawu-Lissa,

o nome é diferente,

Mas ainda como Princípio

não tinha nome existente,

no seu movimento segundo,

criou deuses céus e mundo,

criou bichos, terra e gente.

E mesmo que eu quisesse,

a título de didática comparar,

Nzambi ou outro nome africano,

que Deus pudesse revelar,

não é menos nem antígono,

com a ideia de Jeová.

Assim como as divindades

de cada povo africano,

Jeová também tinha um local,

um altar um povo e um plano,

um jeito de cultuar

e de seu povo era soberano.

Era invocado nos montes

e em altares de fogo queimando,

e quando desagradado

podia ser muito tirano,

exigia sacrifícios,

doação e preceitos mil,

falava entre os trovões,

e cegou quem a Ele viu,

não tem muita diferença,

dos deuses que o candomblé

adotou aqui no Brasil.

Nzambi, Olorum, Mawu-Lissa,

nem tem forma nem sem engana.

não pode ser alcançado

pela mazela humana.

Nada Lhe pode ser doado,

porque tudo já é Seu.

Nada pode ser tirado,

pois de Si tudo nasceu,

e nada também pode

alcançar seu apogeu.

Se revela relativo,

como Nkisi no Angola,

adaptado ao tempo,

e ligado à humana história.

E quando manifestado na natureza,

traz consigo toda glória,

quando individualizado,

no filho que o adora,

chega dança, festeja, veste, come e benfazeja

é Deus humano nesta hora.

E com estes pensamentos,

e com buscas incessante,

o nosso herói cantado

neste cordel claudicante,

segue sua trajetória,

na caminhada ambulante,

do candomblé se aproxima

e encontra vida abundante,

e um Deus que pleno e relativo,

o torna todo altivo

e com vida plena brilhante.

1997, setembro era o mês corrente,

dia 06, sábado, 22 hs,

para ser mais precisamente,

nasce um novo iniciado,

com o nome de Ngunzet'ala,

com Deus caçador na frente.

Mutak'lambul'nguzu,

o caçador que veio do alto,

num tronco de árvore encantado,

no monte bem no planalto,

ensina os humanos a cultivar terra,

e então sem sobressalto,

domestica animais e o alimento é farto.

A vida de muzenza

ao lado de Atirezim,

O Tata que o iniciou,

e se tornou um pai sim,

foi vivida dedicada,

a cada rito e cada história contada,

cada folha colhida,

ao dia ou na madrugada,

e assim se fez a história de fé que vos é narrada.

Eu me empolguei com a história

e esqueci de falar

de algo acontecido,

que a vida veio mudar,

num concurso público,

veio nosso herói passar.

O salário era pequeno,

mas era algo estável.

possibilitou os planos

inclusive o iniciático,

aqueles que resumido

já consta neste relato.

Também na UnB formou em Pedagogia.

Tentou estudar arte,

mas não gostou da coxia,

já fez pós-graduação na área de Corregedoria.

Vieram as obrigações, 01, 03 e 07 anos.

Chegou à maioridade

dentro no candomblé Angolano,

e foi assim assumindo

de Deus o divino plano.

Ciclo fechado, casa aberta,

sacerdote consagrado,

tendo tentado fugir

e já andado um bocado,

agora tinha nas mãos

um desafio sagrado.

Tinha ido para a Europa,

trabalhar de faxineiro.

Mas o que muito estica,

o puxar dou por certeiro,

que quando bate de volta,

a lapada meio torta

no lombo faz um trieiro.

Rio, São Paulo Goiânia

e quase todas as capitais,

viajando a serviço,

mas sem deixar para traz,

a missão e a certeza,

de que Nzambi em sua grandeza

não o desampara jamais.

Tendo em 2005, fundado uma Associação,

de nome Vida Inteira,

a criançada a ajudar,

seguiu a sua missão,

abrindo o candomblé em 2007,

com dez anos de iniciação.

A umbanda sempre presente,

cada verdade com hora e lugar.

A casa sempre próspera,

muita gente a ajudar,

e muitos sendo ajudados,

e Deus a glorificar.

E ai a vida segue,

amores e desamores.

Desregramentos vividos,

experimentos de prazer e dores,

e muitas lembranças então,

passam pelo coração

destes 46 anos

guardado nos bastidores.

Dores, lutas, solidão.

Ajuda cuidado e fé.

Cuidando para não cair,

quem vive e se mantém em pé,

a casa cresce em amor,

a vivência é com fervor,

e vida atualizou na Umbanda e Candomblé.

Lembranças da Rua do Ubim,

o nome é assim cunhado,

só tinha nome de rua,

pois era mato fechado,

com casas de taipa e palha,

comendo o que foi plantado,

depois vem o Cocalinho,

um lugarejo acanhado.

As lembranças de Zé Doca ,

não posso deixar passar.

As vivencias na igreja,

também não são para arquivar,

de tudo muito valeu,

de bom ou ruim que viveu,

a vida já fez passar.

Um cidadão Zedoquense,

que viveu de pé no chão,

que tirou bicho de pé,

que cozinhou com carvão,

que vive a fé africana

já tendo sido cristão,

sei que é projeto divino,

pois o que de Deus é destino,

nada há de falhar não.

Também já viveu em Londres

(de Zé Doca para o mundo),

Já se vestiu de alta estirpe,

já pareceu vagabundo,

mas nunca perdeu a fé,

nunca esqueceu o amor,

nunca abraçou a contravenção,

nem crime ele praticou,

é coisa que só por Deus,

é por Nzambi sim senhor,

que hoje aos 46 ainda tem força e vigor.

Assim o sobrevivente,

um nordestino valente,

agradece ao Deus supremo,

o que viveu prontamente,

e pede força e coragem,

proteção e humildade

para seguir sempre em frente.

Agradecido a Nzambi,

nome de Deus que aprendeu.

Lembrando dos ancestrais,

que são a raiz dos seus,

Agradecido a seus pais,

amados que Deus lhe deu,

vivendo com irmãos e irmã,

perto, longe, céu ou chão,

amando sua Sophia,

filha de sangue e coração.

Este menino mirrado

hoje com 46 anos de idade,

tem o coração agradecido,

ao campo e à cidade,

e a você que me leu

com paciência e humildade.

O agradecimento é maior

a de Nzambi filhos e filhas.

Com pedido de malembe por algo errado na trilha.

Se a panela estiver quente, podemos ser a rodilha.

Se a cruz estiver pesada, podemos fazer partilha.

Se chorar for necessário, na guerra somos bastilha.

Se o predador espreitar, podemos ser a matilha.

Se for pra aprender a lição, leremos juntos a cartilha.

O único pedido mais, e nem sei se estribilha,

é que diante da sede de paz que não assumamos a escotilha,

e que sejamos cada um/uma de Nzambi a sagrada bilha


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