Hoje vou contar uma história que era contada por meu avô materno. Ele fazia muitas considerações e tirava muitos ensinamentos sobre ela. Mas eu vou contá-la sem muitas considerações, pois quero deixar ao encargo de cada pessoa tirar suas conclusões ou fazer suas meditações, inclusive sobre a moral da história e em que personagem se reconhece, em quais situações, ou se não se reconhece em nenhum.
“Era uma vez um viúvo que tinha três filhos".
Casou-se novamente com uma mulher que tinha um filho e se mostrava uma boa mãe para os filhos do viúvo, que seriam a partir de então seus enteados. Era uma família pobre, e muitas vezes precisavam compartilhar de pouco alimento entre todos.
Um dia eles tinham somente três ovos e um pouco de farinha. Ela, como uma boa mãe, decidiu que os daria para as crianças, e os adultos comeriam somente farinha.
Cozinhou os três ovos e os doou para os seus três enteados, deixando o seu filho sem nada.
Porém, quando serviu os ovos com a farinha disse: “vejam como sou uma boa mãe para vocês. Dei a vocês, que são meus enteados, os três únicos ovos que tínhamos e deixei o meu filho sem nada. Agora, porque cada um de vocês, por gratidão, não doa a metade do ovo para o meu filho, já que ficou sem nada?”
As crianças inocentes, e o pai apaixonado, acharam uma proposta digna, afinal, ela tinha oferecido tudo que tinha para os três enteados, e assim fizeram. Cada criança doou a metade do ovo e um pouco de farinha para o filho da madrasta, e todos ficaram felizes: O marido feliz por ter conseguido uma boa mulher que cuidava dos seus filhos; as crianças felizes porque receberam um ovo todo, e doaram a metade de boa vontade e por considerarem justo, já que o filho da madrasta não tinha ficado com nada; e o filho da madrasta feliz porque terminou com um ovo e meio e mais farinha que todos; e a madrasta porque, sem se indispor com o marido nem com os enteados, alimentou mais o seu filho.
Este partilha se tornou rotina sempre que o alimento era pouco e todos ficavam contentes, sem motivos para reclamação.