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A campanha do amor.

Falamos muito em campanha estes dias. Sempre acompanhado com a palavra política: Campanha Política.

Observei que durante as ações da campanha, as pessoas se tratavam como adversários. Diziam-se preocupados com o povo, com o coletivo, mas só na área da política ou da administração governamental. Nenhuma preocupação com o pessoal, com o indivíduo.

Não se ouviu uma mensagem de afeto de fato. Quando poderia ser afeto, parecia teatro canastrão, e sempre excluía quem pensava diferente.

Ninguém falou uma mensagem de amor. Ninguém falou em perdão. Ninguém falou que a nação era nossa e que “segurança pública” é muito menos polícia e muito mais formação do ser em não gerar nem alimentar a violência, como as campanhas fizeram.

Os debates e os horários reservados para ideias, não havia sentimentos. Quando havia era parcial e apaixonado e sempre tendencioso. Não houve sentimentos verdadeiros de preocupação e afeto entre os semelhantes pertencentes à mesma espécie HUMANA! Inclusive entre os eleitores, vemos vários se queixando de ter sofrido hostilidades por defender seu ponto de vista neste ou naquele candidato, mas quando vemos seus perfis nas redes sociais, estão cheios de hostilidade contra os que não concordam nem comungam com seus pensamentos.

A terceira via, ou a via realmente viável para a humanidade se realizar, independente das fronteiras e bandeiras é o afeto.

É saber que o que dói em mim dói na outra pessoa. O que eu quero pra mim de bom, quero para outra pessoa.

Ver discussões e ofensas em torno da origem das pessoas e das regiões que habitam, ou da sexualidade, ou da crença (ou de crença alguma), ou da cor da pele, ou da camada social que ocupa, é muito infantil para uma humanidade que tem entre seus habitantes 99% de religiosos, que defendem uma ideia de sagrado, que estão sob a égide de uma mensagem que consideram divina....

Eu até penso que a religião como instituição humana é de fato um dos grandes males da humanidade. Ela separa mais do que une. Discrimina mais do que acolhe. Condena mais do que salva e defende interesses próprios mais do que universais. É quase uma campanha política, de que quem não crer como eu creio, é meu adversário, e não meu irmão e semelhante que opta por andar em outro caminho, ou seguir a luz de outro archote, mas é digno e respeitável.

Assim são as campanhas eleitorais que não tratam de propostas que visem de fato o coletivo sem interesses pessoais ou de grupos exclusivos. Não são candidatos que disputam, são adversários.

Os eleitores terminam comprando a ideia, tal qual os religiosos acatam as ideias dos seus líderes, e se tornam não defendentes de bens universais, de direitos universais, de liberdades individuais e universais, mas de verdades relativas que se encaixam no interesse de poucos. É algo muito terrível olhar para quem pensa diferente de nós como adversário.

Quando viveremos sem necessidade de espadas ou escudos?

Quando conseguiremos ver todos os que sofrem e que gozam como partes da mesma espécie e assim dividirmos os gozos e as dores, para que sejamos de fato iguais em direitos e mantidas as diferenças que não implicam em violação aos direitos alheios?

Nossos políticos e muitos dos nossos líderes religiosos estão longe de ver, sentir, defender e assumirem ideias como estas, consequentemente os seus seguidores, seja na política, seja na religião.

Claro que a capacidade de indignação é que nos leva a ação. Mas nunca devemos nos indignar para justificar ações que não visam o bem comum. A indignação deveria gerar o oposto. O efeito contrário.

Se olhássemos assim, faríamos a campanha do amor, do respeito, da partilha.

Ai sim, poderíamos até ter ideias e ideais diferentes, mas nada me faria gerar dor deliberadamente em nome da minha verdade nem entender o candidato a minha preferência de eleitor nem a minha preferência de fé como inimigo.

Sejamos membros de uma campanha universal de paz, e paz social só existe com garantias de direitos e individualidade, e com justa oportunidade para todos. Agora paz interior, fonte de todas as outras manifestações de paz, é viver sem reconhecer inimigos, é não ter lança nem armadura....

É SER IGUAL dentro das diferenças e ser pleno.

Boas campanhas de paz para nós!


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