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Unindo Mundos

Quando eu ainda morava no interior do Maranhão e ouvia dizer, raramente, que o ser humano tinha chegado até a lua, via um irmão da igreja, todo cheio de fé e segurança dizer: “ não naquela lua que meu Deus criou!”


Eu pensava se o fato do ser humano ter pisado na lua desmerecia Deus, ou se O engrandecia, ou se era verdade ou mentira e a minha mente sempre avançada ao contexto pensava que se aquilo de fato tivesse acontecido, era um motivo de reconhecimento de pertencimento ao mesmo universo, independente da casa que habitamos.


O tempo passou.

Não sou mais um adolescente, nem o mundo é o mesmo, não moro mais no interior, e convivo com a tecnologia que dispensa os meios físicos para se propagar o que também era considerado contrário à vontade divina: na minha época de cristão a televisão também era pecado. Era adoração de imagens e um instrumento do diabo.


Agora já não se fala mais na lua. Se fala em Marte, onde os humanos já estão explorando e por fim, o cometa 67P/ Churyumov-Gerasimenko !


A busca agora desde novo evento é tentar provar a teoria corrente, que os cometas bombardearam a nascente Terra há 4,6 bilhões de anos, trazendo moléculas de carbono e a preciosa água, partes importantes da “caixa de ferramentas” fundamental para a vida no nosso planeta. É a era da Philae, é uma sonda robótica pousadora da Agência Espacial Europeia (ESA) que integra a sonda espacial Rosetta, construída para fazer um pouso no cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko. Este módulo foi projetado para realizar o primeiro pouso controlado no núcleo de um cometa do Sistema Solar, produzir as primeiras imagens da superfície, fazer análises in situ da composição mineral do cometa, e tornou-se o primeiro objeto construído pelo homem a pousar num cometa em 12 de novembro de 2014. O nome Philae vem da ilha do mesmo nome no Rio Nilo, onde um obelisco foi encontrado e usado, junto com a , Pedra de Rosetta para ajudar a decifrar antigos hieróglifos egípcios, ou seja, o próprio nome as sondas já indicam a missão de decifração de segredos, só que agora da vida e do sistema que vivemos.


Nesta perspectiva os principais objetivos da missão são o estudo da composição elementar, isotópica, mineral e molecular do cometa, a caracterização das propriedades físicas da superfície e do subsolo, a estrutura em larga escala, o ambiente magnético e o plasma do núcleo do cometa, e assim, possivelmente, decifrar a origem da vida. É, o cometa não está visível a olho nu, o que não permite que nenhum incrédulo diga “não naquele que meu Deus fez”, e agora já não se sabe só por narrações, mas por imagens e relatos e relatórios científicos, embora, para a maioria de nós exige um tanto de fé e credibilidade na ciência para acreditar que conseguimos lançar um objeto no espaço e fazê-lo pousar em um corpo orbitante relativamente pequeno e que viaja a 65 mil quilômetros por hora.


Se mesmo sem vermos acreditamos e festejamos pelo “relevante passo” dado pela humanidade (nessa hora parece que todos e todas nós fomos responsáveis pelo feito) não podemos esquecer que de certa forma somos, pois exigiu um financiamento muito alto, enquanto não conseguimos ainda fazer com que um prato de alimento saudável “pouse” na mesa de todos os humanos atualmente encarnados no planeta.


Também não conseguimos fazer com que as guerras deixem de existir, ou pior, na maioria das vezes elas são fomentadas e/ou motivadas sempre pelo interesse do capital.

Não conseguimos ainda respeitar nossas diferenças e conflitos por causa da diversidade de pensamento, sentimentos, e vivências, seja de origem étnica, religiosa, cultural, sexual ou mesmo só econômica mesmo.


O ser humano que cai ao nosso lado, é menos importante do que o cometa... é a eterna busca do Philae e da Rosetta, na descoberta e decifração dos dilemas humanos bem aqui nesta bola flutuante! Não vamos por outro lado declarar pecado ou nos declarar incrédulos, ou achar que estamos brincando de Deus e que uma experiência como esta é uma blasfêmia! Não, não vamos por esse caminho.


Uma ponte com esta dimensão tem o seu valor científico e pode sim resolver problemas que nos acompanham desde a gêneses, lançar luz e resposta a antigas indagações, mas o desafio constante do existir e criar pontes entre nós mesmos, em todos os níveis que somos e vibramos e entre os nossos antepassados, contemporâneos e descendentes, é um desafio muito maior.

Transmitimos dados e imagens e ideias em segundos, de uma parte para outra do planeta e agora a distâncias muito maiores! Já pisamos na lua, já temos expedições em marte e no cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko, pois mesmo a sonda tendo silenciado na superfície por falta de energia, uma informação de lá chega á terra rapidamente! Tentamos entender as diferentes naturezas e meio ambiente destes extremos, mas não conseguimos ainda nos entender, nos resolvermos com nossa própria natureza!


Não conseguimos fazer ponte com o que achamos diferentes, ou com o que é diferente do que acreditamos! O nosso vizinho ao lado se suicida de solidão e não conseguimos ser sensível a isso.

Mais de 2 milhões de pessoas hoje passam fome, e não conseguimos fazer uma ponte para solucionar isso! Semelhantes nossos roubam e geram violência por coias e situações que vão passar, e não conseguimos quebrar os muros interiores e exteriores para passarmos dessa fase!

Não é nenhuma crítica a nenhuma situação que ainda não conseguimos vencer, pois muitas vezes não fizemos a ponte ainda nem entre a natureza e situação que ocupamos agora, com a nossa própria natureza legítima, e muitas vezes somos nós os que passamos necessidade, os que pensamos em suicidar, os que engatilhamos uma arma....


Estamos muito avançados em conhecimento e muito atrasados em amor, em respeito para com o espaço que vivemos, incluindo todos os seres que nele vivem!


Este texto é só um devaneio e um convite a criar pontes, não só unindo mundos especiais galáxias, mas unindo nos nossos.


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