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O propósito do Caçador.

Parafraseando uma lenda contada por povos Bantu, conta-se que durante uma longa jornada de um povo nômade, o caçador jovial que caça e pesca, já tinha somente uma flecha em sua aljava (apetrecho onde se carrega flechas) e juntamente com os outros caçadores tinha o dever de alimentar o povo e também de guiar e proteger já que era parte de um dos grupos armados, porém, o povo estava faminto e não sabia que rumo tomar diante da savana, sem perspectiva onde encontrar água e alimento.


Ao olhar para cima e avistar um dimbê (pombo) que passava por cima da multidão, não teve dúvidas: retesou seu riunda (arco) e atirou certeiramente no pombo.


Foi de pronto criticado pelo povo por ter usado sua única flecha, correndo o risco de errar o alvo e assim ficar desarmado e ainda mais com uma caça que quase não tinha nhanga (carne), que não alimentaria nem duas pessoas. Ele não se importou com as críticas. Correu até o pombo abatido e o abriu.


A pouca carne ele ofertou para os mais velhos e abriu as vísceras do pombo e observou que em seu papo havia grãos, restos de folhas, frutos e que que o animal estava bem hidratado. Como tinha visto o lado de onde o pombo viera, gritou pelo povo mudando o rumo da caminhada, rumando para as bandas de onde vinha o dimbê. Queria chegar ao local de onde o pombo viera.


Não demorou muito para encontrar uma planície com árvores, água abundante, grãos, frutos e folhas comestíveis. Todos se alegraram e saudaram o caçador habilidoso e estrategista que salvara o seu povo, mesmo arriscando sua única flecha. Ali o Mukongo (caçador) ensinou o povo a cultivar aquelas sementes, domesticaram animais e garantiram assim às gerações vindouras alimento farto e seguro.


Esta história ancestral me faz pensar nos objetivos que nos movem e na capacidade de desapego que temos.

A flecha era única e o caçador arriscou diante de um plano claro que tinha em sua mutuê (cabeça): guiar aquele povo para um local com alimento e água. E a flecha poderia ser de ferro, prata ou ouro, que o Caçador não hesitaria em lançá-la! Não faria diferença morrer com o seu povo empunhando sua única flecha. O objetivo que o movia o levou ao desapego e a arriscar o que ele tinha de maior valor.


A sabedoria, a estratégia e o desapego podem ser o grande lance para alcançarmos o nosso objetivo que é nossa realização plena como ser.

Que diferença faria morrer no deserto ou na savana com uma flecha em punho, fosse ela de que material fosse? Que diferença faria manter a flecha sem alcançar o objetivo de guiar seu povo às terras férteis que ele vislumbrou existir não muito longe dali, a partir da visualização do voo do pombo?


É uma meditação sobre o apego, sobre a fé, sobre a capacidade de ousar diante de um desafio, sobre não sucumbir diante das críticas alheias e de vislumbrar o sucesso almejado em uma simples ocorrência da vida. Talvez a única oportunidade que ele teria!


Também nos ensina a olhar para o alto, e aqui é muito figurado mesmo. Se aparentemente não tem saída, a resposta vem do diulu (céu), vem de Nzambi, de Deus, da Consciência plena do Universo que fazemos parte.


Mesmo que seja necessário sacrificar alguma coisa ou arriscar, a fé nos leva a olhar para o alto e nos dá pontaria e certeza de que além do deserto, além da savana seca, que aqui figuradamente significa a existência sensorial e as lutas existenciais, existe um oásis, onde seremos acolhidos e onde a vida é abundante.


Que nossa semana seja renovadora.


Essa força de arriscar algo por um ideal maior se chama fé. Esse ato de desapego se chama visão maior do que a limitação da realidade.


Se eu sei quem sou e onde quero chegar, não perco tempo com menoridades, nem me apego ao que não vai me adiantar caso me perca na existência.

Nosso desafio é lançar nossa flecha rumo ao sagrado.

É nos manter conectados com o sagrado que somos e que manifestamos seja qual for nossa crença.

Convido você a olhar para frente e entender o propósito de Nzambi Upungo, a conhecer Seu propósito, se encontrar em sua família seja ela espiritual, seja ela sanguínea e ser parte desse todo e quando for chamado a oferecer seus serviços para a coletividade, que você saiba pensar em todos e buscar o cuidado, o carinho e que sua flecha sagrada seja em forma de escuta, de carinho, de palavras amigas ofereça aqueles que precisam de você o caminho necessário para a mudança e que traga comida, fé , alegria e vida nova. Tenha você uma boa semana.

Tata Ngunz'tala

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E-mail . francgunzo@gmail.com

"Ser luz, é atrair as escuridões"


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