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A caixa e o conteúdo!

Num entardecer encontrei um casal de apaixonados, ela olhava sem parar para a mão, onde exibia claramente um anel que parecia ter muito valor. Parecia não, pois para ela, naquele momento tinha muito valor, independente do quanto tinha custado financeiramente. Ele com uma caixa vazia na mão olhava para ela embevecido e ela nem se importava com a caixa, nem com o público, nem mesmo com o risco de alguém querer tomar dela anel tão importante. Queria

mesmo era mostrá-lo para todos e todas. Queria que vissem. Ele, já meio sem graça, fechou a caixa vazia e guardou. Depois que passasse a primeira euforia o anel provavelmente voltaria para caixa para ser guardado.

Mas a caixa, naquele momento não parecia ter o mínimo valor para ela. Fiquei pensando muito sobre existir aqui neste plano terreno. O que vale mais, a caixa ou o seu conteúdo? Tem como valorar? A parte que chamamos de corpo só tem valor se tiver o conteúdo do sopro sagrado, que começa com a respiração e termina com ela.

É o ir e vir da vida no eterno respirar do universo. Nos identificamos com a caixa. E quando a caixa começa a perder a aparência? Que desassossego. E quando ela começa a ficar rota? É o sofrimento de quem se reconhece e se identifica somente com o pacote e sua aparência externa. E quando a verdadeira essência não se identifica coma caixa e precisa se ressignificar dentro de uma sociedade cheia de normas a partir da caixa, da aparência, sem se importar com o conteúdo? É luta interna e externa. No individual e com a coletividade! (Me comprometo a escrever algo sobre pessoas que precisam se ressignificar a partir do que são e de como se sentem com o corpo que nasceram)

E por que muitas vezes não nos importarmos de fato com o verdadeiro conteúdo, a essência divina que eu sou, e a consciência do ser?Estar vivo agora respirando no eterno ir e vir divino é o verdadeiro valor e neste momento a caixa também é importante.

Num olhar eterno e universal, um diamante, por mais valoroso que seja aos olhos humanos, tem o mesmo valor que um punhado de terra, saíram da mesma fonte e só apresentam composições diferentes, mas vieram da mesma natureza. Enquanto encarnados, a caixa e o seu conteúdo são valorosos igualmente, embora a embalagens tenham dias contados. Já nasceu com prazo de validade, e sujeita a todas as intempéries, mas o divino, o sagrado que nela habita (e que neste momento é ela também), é eterno.

Não devemos com isto ter a ilusão que devemos mortificar o corpo, desculpem o deslize, a caixa, pois é ela que dá ao sagrado a oportunidade de vivência e experiências nesta dimensão. E se o invólucro também é importante, mas passageiro, como faremos para cuidar do que é divino, do que a anima, do ânimo de vida, do que a faz respirar no eterno pulsar divino?

É fácil.

É cuidando desta embalagem.

É vivendo de maneira mais pura possível, mas honesta possível, mas amável possível, menos identificada com ela possível, com menos apego possível, como mais consciência de eternidade possível. Mas sabendo que estamos cuidando da caixa não por ela em si, mas pelo que nela habita. E quando falamos aqui de pureza, não estamos falando de regras sociais de certo ou de errado, de regras morais ou de dogmas religiosos. Estamos falando de respeito a ela, e até mesmo de usufruir dela plenamente, de tudo que ela possa nos oferecer, mas com consciência, sem achar que ela sou eu, e assim perder a noção do que realmente tem valor. Mesmo a caixa e a essência sendo parte do todo e advinda, em ultima instância, da mesma fonte, ela só tem valor por causa do conteúdo. Então quando trato bem alguém, que chamo pelo nome passageiro que ela recebeu, com amor e respeito, não é pelo corpo que ela está agora, é pelo reconhecimento da essência que nele/nela habita, e que ele/ela de fato É.

Pense num cadáver, seja de um recém nascido, de um adulto ou de uma pessoa com muitos anos de existência. Qual o valor que ele agora tem, a não ser a reciclagem da vida e muitas formas de vida que ele vai se tornar?

Claro que muitas essências caem e se enrolam nos véus da existências e se identificam tanto com a caixa que passam a viver somente em função dela, e para garantir o prazer que a mente passageira quer enquanto caixa, são capazes de qualquer coisa e não significa que temos que concordar com estas essências que acham que são as caixas. Mas também não significa que devemos não amá-las, ou odiá-las.

Se reconhecer divino é o que realmente te faz especial. Respire a profunda paz dos que são eternos(e sabem disso!), e nada pode de fato tirar o seu verdadeiro valor, independente dos invólucros que ocupar nesta ou noutras dimensões (cada dimensão tem seu tipo de caixa para servir ao conteúdo valoroso que é você).

Deixe a paz dançar ao seu redor.

Se reconhecer eterno e partícipe da natureza divina que gera o todo nos deixa em paz, pois com isto podemos usufruir de tudo: querer uma casa boa, um carro bom, uma vida financeiramente sossegada, uma boa companhia para os prazeres que o corpo pode dar, um espaço para manifestar o sagrado sem excluir as outras possibilidades, e manifestar o sagrado em todas as nossas ações, olhar para o semelhante e diferente e reconhecer nele/nela uma embalagem importante, porque ela manifesta a essência do universo, mesmo que iludida possa nos gerar desequilíbrio, então mesmo não querendo e não podendo conviver com ele/ela, o respeitar e amar profundamente.

Também continuamos com o mesmo valor se não conseguimos estas coisas que chamamos de ventura, se vivermos sempre apertado financeiramente, se não temos quem amamos ou quem nos ame, se vivemos com saudades de quem passou ou de quem esperamos chegar, se não somos reconhecidos pelo nosso valor eterno - ainda assim, todas estas experiências tem o mesmo valor no olhar universal, embora nós, na ilusão, sempre ligamos o sucesso à ideia do que a caixa possa representar, mesmo sabendo que ela passageira e vai ficar aqui e ser reciclada e nós vamos partir, decididamente: ou pleno de tudo que vivemos de prazer ou de dor, mas sem apegos, ou ainda ávidos por termos a oportunidade de viver em uma nova embalagem, já que nos viciamos na mente passageira que se rege pelos cinco sentidos que só querem prazer, claro, mas que tem que conviver com a dor, pois assim é nesta dimensão. MAS SABENDO QUE TUDO ISTO É PASSAGEIRO NA FORMA, e que o que realmente tem valor contém/ou está contido, mas não é a embalagem!!! Eu amo você do jeito que és. Com a embalagem que se apresenta. Perdoe-me se não consegui ainda reconhecer o seu valor, com a embalagem que és hoje, frágil, que vai se deteriorar e se reformular (como a embalagem é fabricada aqui, ela permanecerá aqui, e será eternamente reciclada pela consciência divina que a tudo perpassa), mas o EU, que nasceu no primeiro mover consciente e ordenador do universo ainda viajará por muitas outras paragens e se utilizará de muitas aparências para vivenciar as experiências que precisa até se RECONHECER DIVINO PLENAMENTE.

Obrigado por existir.

Tata Ngunz'tala http://associacaovidainteira.wordpress.com/

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